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domingo, 17 de julho de 2011

DIVERSIDADE E IGUALDADE

A formação cultural de um povo se dá com base em uma longa trajetória de repetições de valores que sustentam a vida de todos os atores envolvidos. É muito comum povos subjugados se atrelarem à idéia de que seus algozes são superiores e à medida que as futuras gerações começam a ganhar espaço traduzem isto como uma verdade inquestionável e uma busca de identificação com este povo perfeito. Daí nasce os estereótipos. E a partir daí nasce a idéia de cultura superior e inferior e a abjetação de uma cultura em prol de uma supervalorização da outra.

A cultura tal e qual a conhecemos foi desenvolvida para que a maioria se curvasse sob os seus desígnios, e é por este motivo que as pessoas acreditam em tudo o que se ouve por tempos indefinidos. A cultura branca por algum motivo impressionou as pessoas [um fetiche, talvez] e passou-se a acreditar em estereótipos tais como poder, supremacia, força, etc... 


Infelizmente, o povo [aborígine] brasileiro não teve como apresentar uma sua cultura. Foi imposta aos nativos uma cultura em extrema decadência e nem lhes foi dada a oportunidade de dizerem se queriam ou não aquela nova forma de vida [a tal ponto decadente que teve de se valer do uso da força e da violência para se impor sobre uma cultura que consideravam inferior] e sobre as ruínas desta cultura erigiram os pilares de uma pseudo-cultura; esta agora tendo por base o medo, a força, a escravidão e a prostituição como valores dignos [as índias foram tratadas, simplesmente como objeto sexual para favorecer a rápida expansão populacional da nova colônia. Quanto aos índios somente depois que se mostraram impróprios para o trabalho escravo que a Igreja criou o mito do bom selvagem]. 

O deus que impuseram aos nativos aos nativos era por demais pudico que não podia ver as nativas sem roupas [na fala do padre eram elas quem não podiam ver Deus sem trajes descentes]. O padre Antônio Vieira se empenhava para que as índias usassem roupas, fato que o levou a escrever ao rei de Portugal D. João IV solicitando roupas para as filhas, que não poderiam comparecer ao ofício divino porque não tinham roupas para ver a Deus.

Disseram que os nativos eram bárbaros, canibais, preguiçosos, que o Deus deles não prestava, que o rei deles não tinha autoridade; ou seja, julgaram-nos através de uma lente opaca e míope, escondida atrás de uma moral decadente e falida.    

Os missionários europeus ficaram impactados com a nudez indígena e viram o corpo da mulher índia como diabólico, provocativo e pecaminoso. Padre Manoel da Nóbrega, em carta ao seu superior Simão Rodrigues, escrita em 1550, solicitou que Portugal enviasse algumas mulheres prostitutas para distrair os colonos, pois qualquer mulher seria melhor do que uma índia. Em outra carta enviada ao mesmo superior, escrita em 1553, Nóbrega afirma que o pecado só seria evitado depois que chegassem a essa terra mulheres brancas em abundância.

‘’Interessante é constatar que as categorias de ‘homem e mulher’ são transmutadas de acordo com as necessidades históricas do momento” (BIDEGAIN, 1996:28 apud TORRES, 2006:03).

Um comentário:

  1. Para haver diferença tem de haver antes uma consideração comum de valores; porém, o diferente só será diferente na concepção de quem diz que o outro é diferente, fato que será anverso porque o outro pode, também, considerar o grupo como diferente de si. Ele poderá dizer “estou diferente do grupo” como também pode dizer “o grupo está diferente de mim”. A relação é sempre ambígua e capciosa, pois nunca que o que tem um valor agora poderá ter o mesmo valor amanhã ou vice-versa. Cada indivíduo busca a seu modo se identificar com seu grupo, mas esse mesmo indivíduo lutará sempre para manter a sua individualidade, que prova sua diferença frente ao seu grupo social. Toda relação é uma relação de poder (FOUCAULT) e dentro desta lógica a identidade e a diferença se estabelecem dentro de uma relação poderosa onde se invertem os valores, pois depende muito de onde se dará esta luta e quem estará no poder.

    A relação entre identidade e diferença será sempre uma relação de força e desigualdades, isto porque ambas são formadas tanto no terreno do social, quanto no palco do individual. E nem sempre nem um nem o outro se dispõem a ceder um mínimo que seja; o que acaba gerando conflitos.

    Hegel dizia que as revoluções nascem não do confronto entre um dever e um direito, mas do confronto entre dois direitos. A busca pela identidade com o grupo se embasa no desejo de reconhecimento, já a diferença se efetua pelo desejo de ser livre, ter uma identidade própria, única, não aderir à política de rebanho. Mas, a grande massa não aceita o diferente porque o seu ego não tolera ser desprezado por um mortal. Ela considera a sua ‘cultura’ uma coisa perfeita, criada para dar segurança e prazer aos seus usufrutuários. Enquanto que o que se classifica como diferente a traduz como algo que não vale a pena ser referendado nem copiado. A identidade do diferente é uma afronta ao delicaté ego do sistema.

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