Nosso trabalho nesse blog é buscar discutir e divulgar ações em prol da promoção de uma sociedade mais igualitária. Todos que acessarem esse blog podem contribuir com material a ser enviado para o e-mail: gppgr.iuna01@gmail.com

domingo, 11 de dezembro de 2011

A Justiça Brasileira!!!

Isso foi exibido em todos os telejornais noturnos na quinta feira.
Paulo, 28 anos, casado com Sônia, grávida de 04 meses, desempregado há dois meses, sem ter o que comer em casa foi ao rio Piratuaba-SP a 5km de sua casa pescar para ter uma 'misturinha' com o arroz e feijão, pegou 900gr de lambari, e sem saber que era proibido a pesca, foi detido por dois dias, levou umas porradas. Um amigo pagou a fiança de R$ 280,00 para liberá-lo e terá que pagar ainda uma multa ao IBAMA de R$ 724,00. A sua mulher Sônia grávida de 04 meses, sem saber o que aconteceu com o marido que supostamente sumiu, ficou nervosa e passou mal, foi para o hospital e teve aborto espontâneo. Ao sair da detenção, Ailton recebe a noticia de que sua esposa estava no hospital e perdeu seu filho, pelos míseros peixes que ficaram apodrecendo no lixo da delegacia.

Quem poderá devolver o filho de Sônia e Paulo?

Henri Philippe Reichstul, de origem estrangeira, Presidente da PETROBRAS.
Responsável pelo derramamento de 1 milhão e 300 mil litros de óleo na Baía da Guanabara. Matando milhares de peixes e pássaros marinhos. Responsável, também, pelo derramamento de cerca de 4 milhões de litros de óleo no Rio Iguaçu, destruindo a flora e fauna e comprometendo o abastecimento de água em várias cidades da região. Crime contra a natureza, inafiançável.

Este camarada encontra-se em liberdade e pode ser visto jantando nos melhores restaurantes
do Rio e de Brasília.

EDUCAÇÃO ESCOLAR CONTRA O RACISMO


Objetivo


O plano de ação a seguir tem o objetivo de trabalhar na comunidade escolar a questão do preconceito contra os negros. É sabido que, mesmo com todas as prerrogativas legais e de igualdade, ocorre, ainda, certos tipos de discriminação racial contra a população negra no País. Daí a necessidade de se realizar atividades ligadas à conscientização e abolição de tais práticas. Porém sem uma educação formal, sem o devido esclarecimento, as ações tornam-se vazias e desprovidas de sentido ético e moral. 

Justificativa

A violência racial é um capítulo da história brasileira que já deveria ter sido apagado há tempos. Mas este tipo de ação ainda continua a ocorrer, não apenas no país, mas em todo o mundo.

No Brasil acontece o que poderia ser chamado de racismo implícito; diferente do que ocorreu ao jogador Roberto Carlos quando jogou no Mila, da Itália, em que durante uma partida a torcida apresentou cartazes com os dizeres: ‘lugar de negros é em Auschwitz’. Outro fato marcante é o jogador Ronaldinho Fenômeno ter declarado na Europa que era branco e assim foi aceito.

Mas como declarar que no Brasil não há práticas racistas contra os negros se esta população é a que mais usa o Sistema Único de Saúde, chegando ao extremo de os cientistas sociais defenderem que a população negra é SUS-dependente. Ou seja, sem este sistema de apoio à saúde, os primeiros que sentiriam seus efeitos seriam os negros. Na área educacional, é esta população a que mais se encontra em defasagem idade/série/ano. Nas universidades são minoria; nos cursos pós-superiores (como mestrado e doutorado), também; correm mais risco de vida que o restante da população.
De forma que conclui-se que o preconceito contra os negros ainda é uma realidade bem presente em nosso país. O que ocorre é que devido ao crescimento econômico apresentado pela nação nos últimos tempos tem pulverizado esta situação, transformando-a em uma nuvem midiológica, mascarada pelos dados estatísticos que não discriminam os resultados por classes. Logo, cria-se a imagem de equanimidade em um país regido por classes.       

Darwin, ao passar pelo Brasil, em 1832, ficou extasiado com a vegetação à sua frente, mas as observações mais contundentes de nosso país centram-se sobre o tratamento dado aos escravos. A esse respeito, ele escreveu:


“É uma visão das mil e uma noites, com a diferença de que é tudo de verdade’’(anotou em seu diário). As observações mais contundentes de Darwin sobre o Brasil dizem respeito à manutenção da escravidão e à forma violenta como os escravos eram tratados. Certo dia, inadvertidamente, foi protagonista de um episódio dramático. Um escravo conduzia a balsa na qual ele fazia uma travessia de rio. Tentando se comunicar com ele para lhe dar instruções, Darwin começou a gesticular e a falar alto. A certa altura, sem querer, esbarrou a mão no rosto do negro. Esse imediatamente baixou as mãos e a cabeça, colocando-se na posição que estava habituado a assumir para ser punido fisicamente. ‘‘Que eu jamais visite de novo uma nação escravocrata’’, anotou ele ao deixar a costa brasileira. Relatou, também, que jamais pisaria nesta terra, pois ‘‘um país onde se media o valor de um homem pela cor da pele e pela arcada dentária não merecia ser chamada de nação’’” (apud CONTINEZA, 2005, p.56).


Hoje, a realidade social do país mostra que os negros são os mais dependentes do SUS, são minoria nos cursos superiores, a expectativa de vidas dos negros é de sete anos a menos que a dos brancos, bem como as taxas de homicídios, atraso escolar conforme o texto abaixo:

De acordo com o Ministério da Saúde, as ações de saúde voltadas à população negra visam inserir o quesito raça-cor como instrumento de identificação de prioridades, programas e políticas públicas. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) quer enfrentar questões importantes como a diferença entre os níveis de mortalidade infantil de negros e brancos menores de um ano. Dados da Fundação Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (FIBGE) apontam que, entre o período de 1977 a 1993, a redução da mortalidade infantil em menores de um ano de idade foi de 57%. No quesito raça/etnia, a partir da cor da mãe, a redução foi de 43% de menores de um ano de idade em brancos, enquanto na população negra foi de 25%, significantemente menor.

No Censo de 1980, os dados referentes à saúde indicavam que filhos de mães negras tem maior risco de adoecer e morrer. A expectativa de vida da população negra é sete anos menor do que a da população branca, ou seja, a vida média do brasileiro branco é de 72 anos, enquanto a de negros é de 65 anos, mantendo esta estimativa desde de 1940.

A esperança de vida da população negra segue inferior à da população branca, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais. Entre a população preta e parda, a expectativa de vida, em 2008, era de 67,03 anos. Entre a parcela de cor branca, a perspectiva era de 73,13 anos.

Na média de toda a população brasileira, a esperança de vida era de 70,94 anos. Entre os homens pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74 anos. No contingente masculino da população branca, a expectativa alcançou 72,39 anos. No estudo com as mulheres, a esperança de vida entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos 74,57 anos estimados para a parcela feminina da população branca. O levantamento inédito foi feito pelo Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp, e está incluído no relatório desenvolvido pela UFRJ.

Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010. A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação. Na população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).
"Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos", diz o relatório.

O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão.

Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra. Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 ano de estudo a mais, em média.

Atualmente, a população preta ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988. Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.

Apesar de o número de homicídios no país permanecer estável nos últimos anos, o número de negros assassinados não para de subir, revela o Relatório Anual das Desigualdades Sociais.

A probabilidade de um homem preto ou pardo morrer assassinado é mais do que o dobro se comparado a de um indivíduo que se declara branco. Enquanto os homicídios entre homens brancos vêm caindo ao longo dos últimos anos, o movimento entre negros e pardos é inverso. Em 2001, homens pretos ou pardos representavam 53,5% do total. Ao mesmo tempo, os brancos significavam 38,5%.

Já em 2007, do total de homicídios registrados, 64,09% eram de negros. Já a proporção de brancos recuou para 29,24%. Em 2007, para cada 100 mil habitantes, 59,8 homens pretos ou pardos morreram assassinados. Entre a população masculina branca, essa proporção 29,2 homens mortos a cada 100 mil habitantes.
No início da década, foram registrados 44.105 mil homens assassinados. Em 2007, esse dado ficou estatisticamente estável, recuando para 43.938. Entre as mulheres, a razão de mortalidade das pretas ou pardas era 41,3% superior à observada entre as mulheres brancas, segundo os dados de 2007.

O estudo, desenvolvido pela UFRJ, foi feito a partir de dados do Ministério da Saúde e da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios).

Depois de toda a explanação realizada, infere-se que, se não há violência racial explícita contra a população negra, há a implícita, o que justifica a ação.


Descrição da ação

Este Plano de Ação tem por objetivo ser uma ação interdisciplinar escolar. A meta é reunir educadores de várias áreas do saber científico, como Letras e Literatura, Biologia, História, Religião e Lingüística com o propósito de aprofundar os estudos sobre a cultura científica da população negra e acabar com tabus relacionados as suas condições.

A ação contará com a participação dos agentes educacionais e toda a comunidade escolar empenhada em representar a real situação da população negra no Brasil. Bem como será feito mostras de utensílios usados pelos povos primitivos africanos, abordagens sobre suas religiões, folclores, mitos e relações sociais.

Os professores irão trabalhar os aspectos da cultura negra em sua origem e as influências sobre o povo brasileiro, desde sua chegada até os dias atuais, em forma de um projeto de verão.

Cronograma  

Todo o processo de execução da ação terá tempo previsto de 02 (dois) meses. Durante este tempo será efetuado toda pesquisa bibliográfica acerca do tema e a identificação das situações de estrangulamento. Logo após será feita a exposição das pesquisas, dos trabalhos e apresentação de coreografias e outras atividades ligadas á cultura afro. O plano de ação será realizado no período de 01/12/2011 a 31/01/2012.

Para planejamento:

01/12/2011 a 31/12/2011 -  neste período os professores irão se reunir com os alunos e traçar as metas e objetivos bem como idealizar que tipo de atividades irão desenvolver.

Para execução:

02/01/2012 a 31/01/2012 – neste período os alunos farão a exposição de seus trabalhos artísticos ligados à dança, aos ritos afro e organizarão palestras e atendimento à população negra através de informações, registros e cadastramento em postos de saúde e esclarecimentos sobre os direitos constitucionais. 


População beneficiada

A população alvo beneficiada com esta ação será a população negra. Mas em nenhum momento, quer-se fazer racismo às avessas. Logo, toda a população iunense ver-se-á beneficiada com esta ação.  







Referências


BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

CONTINENZA, Barbara. Darwin: As Chaves da Vida. In: Scientific American. N. 3. São Paulo: Editora Duetto, 2005.

SILVA, José Cândido da; SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 

www1.folha.uol.com.br/.../904683-expectativa-de-vida-de-negros

www2.portoalegre.rs.gov.br/sms/default.php?p_secao=689

bvsms.saude.gov.br/bvs/pop_negra/pdf/saudepopneg.pdf

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Trabalhadoras rurais: uma necessidade de promover sua inclusão produtiva e emancipatória no cerne social.

Objetivo Geral da ação:

A problemática da Desigualdade de gênero no Brasil exige uma atuação ativa da sociedade civil, na amenização desse “hiato de gênero” no cerne da sociedade brasileira. Promovendo assim, uma atuação voltada a gerar uma efetiva qualidade social. Para tanto, essa atuação deve está voltada no pensar em políticas públicas que promovam uma real equidade de gênero, captando ações que reivindiquem das instituições governamentais um maior investimento no que tange a aplicabilidade social das necessidades que “gritam” em nosso país, e que precisam ser reduzidas para que haja a efetivação da dignidade humana feminina.
Promover a visibilidade da contribuição das mulheres rurais economicamente ativas no sustento familiar, buscando contribuir para sua emancipação financeira/política é uma ação emergencial. Essa visibilidade se efetivará à medida que houver uma organização dos grupos envolvidos é que estes se insiram enquanto sujeitos de suas necessidades. Quanto maior for à pressão social na busca de sanar as dívidas históricas, maior será o alcance da sociedade civil organizada.


Justificativa:

 Desde 2004, com a organização do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM)/2004 nos informa que :”... as mulheres constituem 42,7% da População Economicamente Ativa – PEA. Sendo que 43,7% estão em área urbana e 37,8% no meio rural (PNAD/IBGE 2003). A crescente participação da população feminina no mercado de trabalho é considerada um processo eminentemente urbano. No entanto, é preciso analisar com maior atenção os dados relativos à participação da mulher trabalhadora na área rural.
Grande parte das atividades da mulher rural é classificada como “trabalho doméstico”, por confundir-se com o conjunto de cuidados dispensados à família e ao domicílio. Mascara-se, desta forma, a sua real contribuição para a produção e para a renda familiares. Estudo recente realizado pela SPM2 revela que “os indigentes brasileiros, de ambos os sexos, concentram-se na zona rural”, especialmente nas atividades agropecuárias, que absorvem 65% dos homens e 53% das mulheres indigentes do país. Outro tipo de análise demonstra que, no Brasil, em termos globais, a taxa de atividade3, em 2003, era de 61,4%, correspondendo a 72,9% para os homens e a 50,7% para as mulheres. Quando desagregadas por domicílio e por sexo, na área urbana, a taxa global é de 59,9%, correspondendo a 70,1% entre os homens e 49,9% entre as mulheres. No meio rural, as taxas sobem para 69,5% (total), chegando a 82,4% entre os homens e 55,3% entre as mulheres (PNAD/IBGE 2003).
Chama a atenção que o percentual das mulheres rurais em atividade é maior do que o das mulheres urbanas. No entanto, a diferença na taxa de atividade entre mulheres e homens trabalhadores rurais é maior (27,1%) do que a registrada entre os homens e mulheres trabalhadores urbanos (20,2%). Esta situação poderia ser explicada, em parte, pela hipótese da maior “invisibilidade do trabalho da mulher rural”, em comparação com o da trabalhadora urbana.”.
Esse processo de “invisibilidade” do trabalho feminino nas áreas rurais em especial a do município de Iúna, se dá pela realização do trabalho doméstico, pelo trabalho realizado no “quintal” (horta, criação de animais...), que não são remunerados, mas afetam sistematicamente no sustento e na qualidade de vida familiar.
Outro fator de grande relevância são os trabalhos sazonais realizados pelas mulheres durante a colheita de café que ora são acrescidas pelo salário extra, ora pela falta de ganho devido ter que ficar em casa para cuidar dos filhos.
Essas problemáticas dificultam a emancipação das mulheres em suas vias financeiras e as colocam em uma escala de dependência crônica em relação ao gênero masculino.
Organizar práticas políticas que auxiliem essas mulheres a construírem sua emancipação, proporcioná-las o exercício á cidadania e a construção de sua dignidade social são tarefas de extrema importância.
Levando em conta o aspecto cultural que ronda as áreas rurais mais afastadas dos centros, percebemos que essas mulheres também apresentam uma baixa educação do ensino formal e uma grande negligência na capacitação das mulheres rurais para os trabalhos agrícolas.
Nesse contexto, sabemos que ao longo dos anos fomos obtendo aquisições através das lutas dos Movimentos feministas, porém sabemos que essas lutas penduram para a ampliação das mesmas e muitas são ainda são as reinvindicações de acesso ao direito, para exercer a plena cidadania do gênero feminino no Brasil. Muitas ainda são às lutas que necessitam prosseguir para o alcance da dignidade da mulher na sociedade brasileira. 


Descrição da ação:

De imediato buscar junto ao sindicato -STR - SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE IÚNA E IRUPI, informações sobre as ações que eles vêm adotando nos últimos anos, a cerca da instrumentalização informativa e participativa das mulheres rurais no âmbito do trabalho agrícola e o levantamento de quantas mulheres sindicalizadas temos no município.
A mesma coleta de informações será realizada junto a Secretaria de Agricultura e a Secretaria de Ação Social, sobre as questões da instrumentalização informativa e participativa das mulheres trabalhadoras rurais.


Com base nesses dados, resumimos esse plano em três ações:

  • O Foco em organizar reuniões com o apoio dos Órgãos já citados, na busca de promover momentos com as trabalhadoras rurais para o levantamento de suas prioridades emergenciais, constituindo um documento reivindicatório dessas necessidades;
  • Organizar Palestras Informativas sobre as Leis que regem a atuação no campo, assim como a historicidade das conquistas das mulheres-urbano/rural;
  • Organizar de forma sistêmica mecanismos de reuniões que tenham como objetivo promover à organização civil/política e sua autonomia em busca de aquisições de direitos a trabalhadora rural.

Cronograma



Planejamento
Execução

Período : Novembro/Dezembro/Janeiro de 2011

Abril/Maio/Junho/Agosto/Setembro/Outubro de 2012



População beneficiada

Pensando na necessidade da construção de projetos comuns, que proporcione a visibilidade das necessidades e do reconhecimento das dívidas que foram sendo construídas ao longo da nossa história, no que tange a questão de gênero, enfatizamos nesse Plano de Ação as Trabalhadoras Rurais do município de Iúna.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma Boa Reflexão!!!


Entrevista- Elisabeth Badinter

Gênero, palavra que necessita de reflexão!


O processo de hierarquização de gênero, estruturado na diferenciação natural e biológica dos sexos foi estendendo e recriando essa diferenciação de funções ao gênero, atribuindo a homens e mulheres um processo de socialização normativa que lhes atribuíssem papéis sociais distintos, dentro de uma padronização hierárquica. De forma simplista, a mulher vinculada ao papel de procriadora (submissa) e o homem o papel de produtor (ativo).
Essa dicotomia de gênero, construída historicamente esteve pautada em uma organização científica, tradicional e religiosa, que dissociou a feminilidade da maternidade, abortando do papel feminino sua criação social enquanto sujeito, dando-lhe uma função submissa dentro da divisão social do trabalho. Esse processo, não só criou uma hierarquização de poder entre os gêneros como organizou a atuação dos mesmos no âmbito privado (determinado as mulheres) e o público (determinado aos homens).
O modelo dual de desigualdade presente na concepção de gênero resultou em “novas” práticas de desigualdades. Entre elas podemos citar os grupos sociais que não se encaixam nesses modelos, que passam por formas diferenciadas de discriminações perversas (homossexualidade), pautados em estereótipos depreciativos. Por outro lado quando unimos à questão de gênero a classe, a raça e a orientação sexual essas desigualdades tomam proporção de uma variedade múltipla de desigualdades que dificultam a plena realização da cidadania.
Portanto a reparação da desigualdade construída ao longo de nossa história, não é tarefa universal, ela precisa ser estruturada dentro das particularidades que a constituem, sendo assim, necessitam de Políticas Públicas pontuais que atendam esses grupos em suas minúcias de disparidades de direitos.
Anna Paula Maia Barbosa Pella


Diferenciação entre gênero e sexo: uma necessidade social


Enfatizamos a diferenciação entre gênero e sexo, como uma necessidade de expandir a discussão sobre essa temática e sua complexidade. Entendemos gênero enquanto construção sociocultural subjetiva que estabelece a identidade do que é ser homem e do que é ser mulher em nossa sociedade (Heilborn, 1997). Por outro lado temos a elaboração conceitual do sexo enquanto a caracterização biológica e física do que é masculino e feminino. Sendo assim, expressões distintas visto que o gênero está estruturado em uma classificação histórica (cultural) e o sexo definida pela conotação natural (biológica).
Quando pensamos nas diferenças estabelecidas através do processo conceitual, percebemos que se há a predominância perpetuar a diferenciação natural/sexo também na organização cultural de gênero, criando a dicotomia superioridade e inferioridade, estabelecida na categorização entre cada um deles. Essa construção social criou significados desiguais, proporcionando papéis sociais também distintos e concomitantemente aquisições de direitos.
Percebemos os conceitos de gênero e sexo como peças fundamentais na estruturação de avanços no que tange a formulação de políticas públicas, visto que eles proporcionam a visibilidade da diversidade da sexualidade humana, rompendo com o processo edificado de naturalização. Reconhecer essa diversidade e promover a inclusão de acesso ao direito passa a ser um reparo histórico das necessidades atuais no que tange a aquisição de direitos.
Anna Paula Maia Barbosa Pella


O racismo velado, por Kabengele Munanga

Prezados amigos,
Reproduzo abaixo parte da entrevista do Antropólogo Kabengele Munanga dada a revista Fórum e publicada em agosto de 2009. Nela ele procura desmistificar o Mito da Democracia Racial que foi tema de debate desse módulo e ainda reforça a necessidade de implantação de cotas raciais e sociais no Brasil.

Gostaria de pedir aos colegas que comentassem a temática do Mito da Democracia Racial e como o ratificamos na sociedade.

Revista Fórum - Aqui no Brasil há mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito da democracia racial?
Kabengele - Tem segmentos da população a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota. Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Senão não teria discriminação.
Em comparação com outros países do mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto. Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços, de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população brasileira.
Além do mais, o critério de cota no Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato. Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que se defende uma política de cotas.
O racismo é cotidiano na sociedade brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos conflitos, como os que aconteciam nos EUA.

Márcio José Pella

domingo, 31 de julho de 2011

A utopia da igualdade social: um caso de crescimento humano


As revoluções da modernidade favoreceram o surgimento do sonho comunitário da diminuição das desigualdades sociais e o aparecimento de possibilidades concretas de um mundo mais justo. Com o passar dos tempos esse sonho foi ficando cada vez mais tênue em função do fracasso das ideologias e da percepção do próprio ser humano, de que esse desafio é muito mais complexo que se pudesse imaginar.
Em meio a teorias econômicas e sociais, hoje percebemos que o maior desafio talvez seja o próprio homem que precisa superar-se, reconstruir-se como ser humano, num projeto que envolve menos interesses pessoais e uma perspectiva mais coletiva de sociedade. Sair-se de si mesmo não tem sido fácil!
O próprio sistema capitalista colabora para essa desigualdade ao cultuar o eu. Os nossos heróis do dia-a-dia vencem batalhas individuais e nunca tivemos tanta necessidade de criar heróis e cultuar “celebridades”.
Portanto, a superação da desigualdade passa por um homem novo. Quando ele surgirá? É difícil dizer! Mas, o caminho já se sabe. Basta educar as próximas gerações numa perspectiva mais coletiva, agregadora, voltada para o todo.
Márcio José Pella