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domingo, 11 de dezembro de 2011

EDUCAÇÃO ESCOLAR CONTRA O RACISMO


Objetivo


O plano de ação a seguir tem o objetivo de trabalhar na comunidade escolar a questão do preconceito contra os negros. É sabido que, mesmo com todas as prerrogativas legais e de igualdade, ocorre, ainda, certos tipos de discriminação racial contra a população negra no País. Daí a necessidade de se realizar atividades ligadas à conscientização e abolição de tais práticas. Porém sem uma educação formal, sem o devido esclarecimento, as ações tornam-se vazias e desprovidas de sentido ético e moral. 

Justificativa

A violência racial é um capítulo da história brasileira que já deveria ter sido apagado há tempos. Mas este tipo de ação ainda continua a ocorrer, não apenas no país, mas em todo o mundo.

No Brasil acontece o que poderia ser chamado de racismo implícito; diferente do que ocorreu ao jogador Roberto Carlos quando jogou no Mila, da Itália, em que durante uma partida a torcida apresentou cartazes com os dizeres: ‘lugar de negros é em Auschwitz’. Outro fato marcante é o jogador Ronaldinho Fenômeno ter declarado na Europa que era branco e assim foi aceito.

Mas como declarar que no Brasil não há práticas racistas contra os negros se esta população é a que mais usa o Sistema Único de Saúde, chegando ao extremo de os cientistas sociais defenderem que a população negra é SUS-dependente. Ou seja, sem este sistema de apoio à saúde, os primeiros que sentiriam seus efeitos seriam os negros. Na área educacional, é esta população a que mais se encontra em defasagem idade/série/ano. Nas universidades são minoria; nos cursos pós-superiores (como mestrado e doutorado), também; correm mais risco de vida que o restante da população.
De forma que conclui-se que o preconceito contra os negros ainda é uma realidade bem presente em nosso país. O que ocorre é que devido ao crescimento econômico apresentado pela nação nos últimos tempos tem pulverizado esta situação, transformando-a em uma nuvem midiológica, mascarada pelos dados estatísticos que não discriminam os resultados por classes. Logo, cria-se a imagem de equanimidade em um país regido por classes.       

Darwin, ao passar pelo Brasil, em 1832, ficou extasiado com a vegetação à sua frente, mas as observações mais contundentes de nosso país centram-se sobre o tratamento dado aos escravos. A esse respeito, ele escreveu:


“É uma visão das mil e uma noites, com a diferença de que é tudo de verdade’’(anotou em seu diário). As observações mais contundentes de Darwin sobre o Brasil dizem respeito à manutenção da escravidão e à forma violenta como os escravos eram tratados. Certo dia, inadvertidamente, foi protagonista de um episódio dramático. Um escravo conduzia a balsa na qual ele fazia uma travessia de rio. Tentando se comunicar com ele para lhe dar instruções, Darwin começou a gesticular e a falar alto. A certa altura, sem querer, esbarrou a mão no rosto do negro. Esse imediatamente baixou as mãos e a cabeça, colocando-se na posição que estava habituado a assumir para ser punido fisicamente. ‘‘Que eu jamais visite de novo uma nação escravocrata’’, anotou ele ao deixar a costa brasileira. Relatou, também, que jamais pisaria nesta terra, pois ‘‘um país onde se media o valor de um homem pela cor da pele e pela arcada dentária não merecia ser chamada de nação’’” (apud CONTINEZA, 2005, p.56).


Hoje, a realidade social do país mostra que os negros são os mais dependentes do SUS, são minoria nos cursos superiores, a expectativa de vidas dos negros é de sete anos a menos que a dos brancos, bem como as taxas de homicídios, atraso escolar conforme o texto abaixo:

De acordo com o Ministério da Saúde, as ações de saúde voltadas à população negra visam inserir o quesito raça-cor como instrumento de identificação de prioridades, programas e políticas públicas. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) quer enfrentar questões importantes como a diferença entre os níveis de mortalidade infantil de negros e brancos menores de um ano. Dados da Fundação Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (FIBGE) apontam que, entre o período de 1977 a 1993, a redução da mortalidade infantil em menores de um ano de idade foi de 57%. No quesito raça/etnia, a partir da cor da mãe, a redução foi de 43% de menores de um ano de idade em brancos, enquanto na população negra foi de 25%, significantemente menor.

No Censo de 1980, os dados referentes à saúde indicavam que filhos de mães negras tem maior risco de adoecer e morrer. A expectativa de vida da população negra é sete anos menor do que a da população branca, ou seja, a vida média do brasileiro branco é de 72 anos, enquanto a de negros é de 65 anos, mantendo esta estimativa desde de 1940.

A esperança de vida da população negra segue inferior à da população branca, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais. Entre a população preta e parda, a expectativa de vida, em 2008, era de 67,03 anos. Entre a parcela de cor branca, a perspectiva era de 73,13 anos.

Na média de toda a população brasileira, a esperança de vida era de 70,94 anos. Entre os homens pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74 anos. No contingente masculino da população branca, a expectativa alcançou 72,39 anos. No estudo com as mulheres, a esperança de vida entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos 74,57 anos estimados para a parcela feminina da população branca. O levantamento inédito foi feito pelo Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp, e está incluído no relatório desenvolvido pela UFRJ.

Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010. A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação. Na população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%).
"Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos", diz o relatório.

O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão.

Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra. Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 ano de estudo a mais, em média.

Atualmente, a população preta ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988. Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.

Apesar de o número de homicídios no país permanecer estável nos últimos anos, o número de negros assassinados não para de subir, revela o Relatório Anual das Desigualdades Sociais.

A probabilidade de um homem preto ou pardo morrer assassinado é mais do que o dobro se comparado a de um indivíduo que se declara branco. Enquanto os homicídios entre homens brancos vêm caindo ao longo dos últimos anos, o movimento entre negros e pardos é inverso. Em 2001, homens pretos ou pardos representavam 53,5% do total. Ao mesmo tempo, os brancos significavam 38,5%.

Já em 2007, do total de homicídios registrados, 64,09% eram de negros. Já a proporção de brancos recuou para 29,24%. Em 2007, para cada 100 mil habitantes, 59,8 homens pretos ou pardos morreram assassinados. Entre a população masculina branca, essa proporção 29,2 homens mortos a cada 100 mil habitantes.
No início da década, foram registrados 44.105 mil homens assassinados. Em 2007, esse dado ficou estatisticamente estável, recuando para 43.938. Entre as mulheres, a razão de mortalidade das pretas ou pardas era 41,3% superior à observada entre as mulheres brancas, segundo os dados de 2007.

O estudo, desenvolvido pela UFRJ, foi feito a partir de dados do Ministério da Saúde e da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios).

Depois de toda a explanação realizada, infere-se que, se não há violência racial explícita contra a população negra, há a implícita, o que justifica a ação.


Descrição da ação

Este Plano de Ação tem por objetivo ser uma ação interdisciplinar escolar. A meta é reunir educadores de várias áreas do saber científico, como Letras e Literatura, Biologia, História, Religião e Lingüística com o propósito de aprofundar os estudos sobre a cultura científica da população negra e acabar com tabus relacionados as suas condições.

A ação contará com a participação dos agentes educacionais e toda a comunidade escolar empenhada em representar a real situação da população negra no Brasil. Bem como será feito mostras de utensílios usados pelos povos primitivos africanos, abordagens sobre suas religiões, folclores, mitos e relações sociais.

Os professores irão trabalhar os aspectos da cultura negra em sua origem e as influências sobre o povo brasileiro, desde sua chegada até os dias atuais, em forma de um projeto de verão.

Cronograma  

Todo o processo de execução da ação terá tempo previsto de 02 (dois) meses. Durante este tempo será efetuado toda pesquisa bibliográfica acerca do tema e a identificação das situações de estrangulamento. Logo após será feita a exposição das pesquisas, dos trabalhos e apresentação de coreografias e outras atividades ligadas á cultura afro. O plano de ação será realizado no período de 01/12/2011 a 31/01/2012.

Para planejamento:

01/12/2011 a 31/12/2011 -  neste período os professores irão se reunir com os alunos e traçar as metas e objetivos bem como idealizar que tipo de atividades irão desenvolver.

Para execução:

02/01/2012 a 31/01/2012 – neste período os alunos farão a exposição de seus trabalhos artísticos ligados à dança, aos ritos afro e organizarão palestras e atendimento à população negra através de informações, registros e cadastramento em postos de saúde e esclarecimentos sobre os direitos constitucionais. 


População beneficiada

A população alvo beneficiada com esta ação será a população negra. Mas em nenhum momento, quer-se fazer racismo às avessas. Logo, toda a população iunense ver-se-á beneficiada com esta ação.  







Referências


BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

CONTINENZA, Barbara. Darwin: As Chaves da Vida. In: Scientific American. N. 3. São Paulo: Editora Duetto, 2005.

SILVA, José Cândido da; SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 2000. 

www1.folha.uol.com.br/.../904683-expectativa-de-vida-de-negros

www2.portoalegre.rs.gov.br/sms/default.php?p_secao=689

bvsms.saude.gov.br/bvs/pop_negra/pdf/saudepopneg.pdf

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